Milhafre-real. Fotografia Pedro Alves/Palombar.
25 Agosto 2022

Projeto Sentinelas alargado tem 23 aves marcadas e contribui para o Plano de Ação das Aves Necrófagas

O projeto Sentinelas - Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre foi alargado e conta agora com 23 aves marcadas para detetar e combater diversas formas de perseguição ilegal direcionadas a animais selvagens, bem como outro tipo de ameaças de origem humana. Este projeto da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural é desenvolvido em colaboração com a Universidade de Oviedo e a AMUS – Acción por el Mundo Salvaje, ambas em Espanha, e tem financiamento do Fundo Ambiental e da Viridia – Conservation in Action.

As aves mais recentes a serem marcadas no âmbito deste projeto foram um grifo (Gyps fulvus) subadulto e um milhafre-real (Milvus milvus) juvenil, o primeiro a integrar a rede, e são fruto de uma colaboração realizada entre a Palombar e o Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CRAS-HVUTAD), onde os animais estiveram a recuperar depois de terem sido resgatados debilitados. O processo de recuperação das aves também contou com o apoio do Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), localizado em Felgar, Torre de Moncorvo. O grifo e o milhafre-real foram equipados com dispositivo GPS e marcados com anilhas e agora serão monitorizados pela equipa do projeto. As anilhas de PVC para marcar os milhafres-reais deste projeto foram gentilmente cedidas pela Hawk Mountain Sanctuary, uma organização dedicada à conservação das aves de rapina a nível mundial.

Milhafre-real também integra projeto LIFE Eurokite

No total, desde o início deste projeto, receberam GPS 18 aves (17 grifos e um milhafre-real) e todas foram anilhadas. O milhafre-real agora marcado também passa a integrar o projeto LIFE Eurokite, com o qual a Palombar colabora. Este projeto tem como objetivo central promover a proteção e conservação do milhafre-real na Europa, numa abordagem transfronteiriça e com foco na redução da mortalidade da espécie associada a ameaças de origem antrópica, com recurso ao uso da telemetria.

Projeto contribui para o Plano de Ação para a Conservação das Aves Necrófagas e já fez 10 denúncias de ameaças para a fauna silvestre

O projeto Sentinelas tem contribuído para o cumprimento de compromissos do Estado português em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade assumidos a nível nacional e internacional, como, por exemplo, para a implementação, na prática, de linhas de atuação do Plano de Ação para a Conservação das Aves Necrófagas (aprovado pelo Despacho n.º 7148/2019, de 12 de agosto, publicado em Diário da República), em estreita colaboração com as autoridades nacionais competentes, nomeadamente o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Também já permitiu realizar dez denúncias e comunicações às autoridades competentes relacionadas com ameaças para a fauna silvestre, entre as quais suspeitas de envenenamento e tiro, uso de armadilhas e colisão com linhas elétricas.

O grifo e o milhafre-real recentemente marcados foram devolvidos à natureza na quarta-feira, 24 de agosto, no Miradouro do Carrascalinho, localizado em Fornos, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), num evento que contou com a presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Ana Luísa Silva Peleira, do presidente da Junta de Freguesia de Poiares, Luís Filipe Roxo, do diretor do Departamento Regional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade do Norte do ICNF, Jorge Dias, do representante das organizações não governamentais de ambiente na Comissão de Cogestão do PNDI, Miguel Nóvoa, assim como outros membros dessa comissão, Vigilantes da Natureza do PNDI e outros agentes de conservação da natureza. Adicionalmente, também participaram alunos de Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.